O dia 10 de setembro é considerado mundialmente como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Apesar de haver essa data específica, todo o mês de setembro é destinado a trazer informação de qualidade para a população e reforçar a importância de falar sobre o assunto, para conscientizar e prevenir a ocorrência desse ato.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), “são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo”, o que demonstra a grande relevância do tema, tanto para os brasileiros quanto para o mundo todo.
Por isso, a campanha Setembro Amarelo, iniciada no ano de 2014 pela ABP, tem como objetivo reforçar a importância das discussões sobre saúde mental e prevenção ao suicídio.
Por que Setembro Amarelo?
Segundo Mirian Ribeiro, gerente de atenção psicossocial da FeSaúde, “a cor amarela é usada para representar o mês de prevenção ao suicídio, bem como outras campanhas como o mês passado que estimula a amamentação e recebe o nome de agosto dourado. O amarelo teve origem a partir da campanha iniciada pelos pais de um jovem de 17 anos em 1994 no EUAs. O rapaz dedicou-se por um longo tempo a reformar um mustang que pintou de amarelo. Os pais e amigos não perceberam seu sofrimento, e por isso iniciaram a campanha com cartões com fitas amarelas com a mensagem: Se você precisar, peça ajuda”.
Mirian Ribeiro, gerente de atenção psicossocial da FeSaúde
O crescimento da campanha e a preocupação com o cenário epidemiológico de aumento dos casos, em 2003 a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.
A situação epidemiológica mundial, com o aumento crescente de casos convocam governos a criarem estratégias de enfrentamento, o que favoreceu a adesão da campanha como uma importante ação de prevenção no âmbito da Saúde Pública. Atualmente, várias ações são colocadas em prática para dar visibilidade a mobilização a favor da prevenção ao autoextermínio, como propagandas nas principais mídias sociais, a iluminação de monumentos históricos, como o Cristo Redentor, e caminhadas em prol da saúde mental.
Suicídio: um problema de saúde pública
Fonte: Freepik
A morte por suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 a 29 anos. Segundo Mírian Ribeiro, a OMS alerta em dados recentes que cerca de 800mil pessoas vão a óbitos todos os anos por suicídio. A profissional ressalta ainda que devemos por atenção aos determinantes sociais das doenças, não concentrando ações de cuidado ou estratégias de enfrentamento localizadas apenas nos indivíduos. “Tratando-se de um ponto de prevenção é fundamental que os governos garantam condições de acesso a direitos básicos, emprego, moradia, escola e etc. Isto fica evidente quando analisamos os dados e 79% dos suicídios em todo no mundo ocorrem em países de baixa e média renda, ou que mais da metade dos casos em homens de idade adulta estão relacionados e/ou motivados por questões econômicas como a perda do emprego”.
Apesar de ser, atualmente, o suicídio ser um dos principais motivos de morte no Brasil, ainda existem muitos tabus acerca desse assunto. Essa situação dificulta o enfrentamento desse problema de saúde pública. Deste modo, campanhas como o a do mês de setembro devem apontar para a multifatorialidade do tema, que envolve questões como o estigma, o medo, além de investir em acesso à informação e em fatores protetivos a pessoa, prevenindo assim sua vulnerabilização quanto ao sofrimento psíquico”, acrescenta a gerente de atenção psicossocial.
A saúde mental no contexto do Setembro Amarelo
As discussões acerca da saúde mental não se limitam apenas a esse mês, no entanto, a campanha do Setembro Amarelo desempenha um papel fundamental para reforçar e elucidar a importância do cuidado atento a essa questão.
Isso porque, de acordo com dados fornecidos por essa Associação, mais de 96% dos casos de autoextermínio estão relacionados a algum tipo de sofrimento psíquico e ou transtornos mentais, como a depressão e o abuso de substâncias, e até mesmo a exposição a situações de violência e preconceito, como o racismo, a LGBTQIA+fobia e o bullying.
Mirian Ribeiro explica que “é de suma importância a discussão sobre o assunto, para que a população possa estar atenta ao sofrimento psíquico e possa dar voz a ele, buscar ajuda. Contudo as sociedades também devem se transformar, sendo mais inclusiva, tolerante a diversidade e apoiando a população mais vulnerável, para isso outras campanhas e políticas públicas de equidade”.
A importância da prevenção ao suicídio
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O sofrimento psíquico ganha centralidade das discussões no contexto da atualidade, uma vez que ele é uma questão de saúde pública, que impacta as vidas de pessoas, famílias e comunidades. A OMS intensificou recomendações desde o segundo semestre de 2020, com o prolongamento da Covid-19 o isolamento, a vulnerabilidade social, com a crise econômica, a interrupção das aulas presenciais, colocam a questão do sofrimento psíquico como alerta às nações, convocando governos a criar estratégias e aumentos o investimento em políticas de equidade e de atenção psicossocial. “Não podemos nos esquecer que a melhor forma de atuar no campo da saúde é a prevenção, portanto evitar o sofrimento psíquico intenso é a melhor forma de prevenção ao suicídio, e várias medidas podem ser tomadas para aumentar os fatores de proteção e diminuir os de risco”, afirma a gerente de atenção psicossocial da FeSaúde. Alguns exemplos são:
Fortalecer a rede de apoio, aumentando o contato com familiares e amigos que dão apoio e suporte;
Buscar ajuda com um profissional da saúde e cuidar do sofrimento psíquico, principalmente quando isso impactar no cotidiano e das atividades;
Envolvimento em atividades que ofereçam a possibilidade de autoconhecimento e resiliência, sejam elas religiosas, espirituais, ou outras;
Aumentar relações interpessoais saudáveis, com a promoção da comunicação não-violenta;
Iniciar atividades prazerosas ou que tenham significado e promovam projetos de vida;
Reduzir ou evitar o uso abusivo de álcool e outras drogas.
É fundamental que a pessoa possa buscar ajuda de um profissional de saúde, além de contar com orientação de acesso aos cuidados e informação, sendo essas medidas um importante primeiro passo para o cuidado. No município de Niterói e em todo o Brasil, os cidadãos podem buscar auxílio nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas Policlínicas e Ambulatórios, ou no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); com o objetivo de simplificar e ampliar o acesso dos cidadãos a prefeitura organizou o portal de serviços que dá acesso a informações dos serviços de saúde. Para acessar: https://servicos.niteroi.rj.gov.br/#/main/dyview
Outro recurso importante para a saúde mental é o Centro de Valorização à Vida (CVV) oferece escuta ativa e apoio emocional 24h por dia de forma gratuita.
Se você está passando por algum sofrimento psíquico e se tem considerado o suicídio como uma alternativa, entre em contato com o CVV através do telefone 188 ou acesse o site para conversar com algum voluntário.
Você não está sozinho, busque apoio! Em rede tudo fica mais fácil.
Edição e produção: Ricardo Rigel
Apoio técnico: Mirian Ribeiro
Data: 10/09/21