Você já ouviu falar na RAPS? Conheça um pouco mais sobre essa rede tão essencial para o nosso sistema de saúde
Os transtornos mentais estão entre os principais desafios na agenda de saúde, tanto de países desenvolvidos como de países em desenvolvimento. Um estudo que avaliou a prevalência global de transtornos mentais comuns, publicado em 2014, apontou que 30% dos adultos em todo o mundo atendem aos critérios de diagnóstico para qualquer transtorno mental, e cerca de 80% daqueles que sofrem com transtornos mentais vivem em países de baixa e média renda.
O assunto ganha ainda mais importância durante o Janeiro Branco – mês dedicado a colocar os temas da “Saúde Mental” em evidência na sociedade, chamando a atenção dos indivíduos e das instituições sociais para os universos mentais, emocionais, sentimentais, comportamentais e subjetivos dos seres humanos.
As causas e as consequências dos transtornos mentais são diversas e abrangem fatores sociais, culturais e econômicos. Uma pesquisa mostrou que, mundialmente, os transtornos mentais respondem por 32,4% dos anos de vida vividos com incapacidade e, no Brasil, estimativas recentes apontaram que os transtornos depressivos e ansiosos respondem, respectivamente, pela quinta e sexta causas de anos de vida vividos com incapacidade.
No Sistema Único de Saúde (SUS), uma das estratégias da Política Nacional de Saúde Mental é consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. A proposta é garantir a livre circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela cidade, redirecionando assim, o antigo modelo de atenção manicomial.
Assim como em todo o Brasil, em Niterói, a RAPS é um componente essencial do sistema de saúde. Além de realizar o cuidado com pessoas em sofrimento mental, essa rede também proporciona atenção à saúde para pessoas com necessidades relacionadas ao uso ou abuso de drogas, como álcool e crack.
Elementos da RAPS
É possível cuidar da saúde mental de muitas formas diferentes e a RAPS é um sistema amplo e diverso composto por 7 elementos principais. Veja a seguir quais são eles:
Atenção Primária à Saúde: é nesta esfera do SUS que se dá a ligação entre a Atenção Psicossocial e o Programa Médico de Família, que compõe a Estratégia de Saúde da Família. Na Atenção Primária à Saúde, além dos médicos de família e comunidade, equipes multiprofissionais também auxiliam no cuidado à saúde mental.
Atenção Psicossocial: é composta por unidades com diferentes perfis e propósitos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Atenção de Urgência e Emergência: caracterizada pelos serviços realizados pelo SAMU, hospitais de emergência, salas de estabilização e outros elementos.
Atenção Hospitalar: são as enfermarias hospitalares especializadas e os Serviços Hospitalares de Referência (SHR).
Atenção Residencial de Caráter Transitório: formado pelas Unidades de Acolhimento e pelos Serviços de Atenção em Regime Domiciliar.
Estratégias de Desinstitucionalização: compostas pelos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e pelo Programa de Volta para Casa (PVC).
Reabilitação Psicossocial: esse elemento tem como foco promover iniciativas de geração de trabalho e renda para os pacientes atendidos na RAPS.
Você sabe como funcionam os CAPS em Niterói?
Os CAPS são serviços de atenção diária destinado ao atendimento de pessoas em sofrimento mental. Eles devem estar situados próximos às áreas residenciais para facilitar o atendimento.
O CAPS preveem o atendimento individualizado e personalizado para cada usuário, feito por profissionais de diversas áreas como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, assistentes sociais, profissionais da enfermagem e outros.
Tem como objetivo investir na reabilitação das pessoas e na manutenção dos seus laços sociais, ou seja, os sujeitos devem ser capazes de se manter no contexto da família e da comunidade, com oportunidades de moradia, convívio, trabalho e lazer.
Entre as suas estratégias de atendimento, os CAPS devem incluir o acolhimento de familiares, atendimento individual e grupal, oficinas terapêuticas diversas como de artesanato, música, informática, mosaico, reciclagem de materiais e outras.
Os CAPS podem se constituir em diversas modalidades por ordem crescente de tamanho, complexidade do atendimento e o tamanho da comunidade que deve atender. Devem respeitar os princípios do SUS quanto à regionalização, descentralização e hierarquização. Entenda as funções e os perfil de atendimento de cada CAPS presente em Niterói.
CAPS II
Responsável pelo atendimento de pessoas, independentemente da faixa etária, que estejam em sofrimento mental decorrente de transtornos psíquicos, incluindo os relacionados ao uso de drogas. Implantado em regiões com mais de 70 mil habitantes.
CAPS ad II
Realizam o atendimento de adultos, crianças e adolescentes com problemas mentais ocasionados pelo abuso de drogas, como crack e álcool. Trata-se de um serviço aberto e de caráter comunitário. É indicado para regiões com população acima de 70 mil habitantes.
CAPSi
São centros especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e duradouros e também dos que fazem uso de drogas.
Para acessar os serviços oferecidos pelo CAPS, a pessoa pode ir direto ao centro ou pode ser encaminhada por uma unidade da Atenção Primária à Saúde ou por centros de emergência, ou ainda ser direcionada após uma internação em clínica para tratamento de transtornos mentais.
Em Niterói, a RAPS conta com:
- 2 CAPS II
- 1 CAPS ad II
- 1 CAPSi
- 1 Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI)
- 10 Serviços de Residência Terapêutica (RT)
- 1 Centro de Convivência e Cultura (CCCN)
- 7 Ambulatórios Ampliados de Saúde Mental
- 1 Hospital Psiquiátrico (Hospital de Jurujuba)
Retirada de medicamentos psiquiátricos no SUS
O SUS disponibiliza para a população uma lista de medicamentos de forma gratuita. Em Niterói, você pode fazer a retirada desses medicamentos nas policlínicas comunitárias e nos CAPS.
Para pegar o medicamento, principalmente os que são destinados a tratar transtornos mentais, é essencial apresentar a receita médica. Como normalmente esses remédios são de uso controlado, é importante que você esteja fazendo acompanhamento médico. Ele poderá lhe indicar o melhor medicamento e a forma de intervenção mais adequada para o seu caso.
Atendimento de urgências e emergências psiquiátricas
Assim como os demais tipos de urgências e emergências, as de caráter psiquiátrico também são socorridas pelo SAMU (192), que faz o atendimento móvel dos pacientes com crises provocadas por transtornos mentais. Além disso, as UPAs 24 horas, os Pronto Socorros e os hospitais com urgência também realizam o atendimento desses pacientes.
Integrando todos esses recursos, a Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária, promovendo a inclusão desses pacientes à sociedade. Se você está passando por algum problema, não deixe de procurar ajuda na sua unidade de referência. Saúde mental importa!