O dia 05 de maio foi instituído como data nacional, com o intuito de reforçar o alerta sobre os riscos da automedicação e do uso indiscriminado de medicamentos. A utilização de remédios sem prescrição e orientação profissional adequada é uma realidade bastante comum na vida dos brasileiros. Segundo uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), no ano de 2019, mais de 75% dos brasileiros que utilizaram algum tipo de medicamento nos 6 meses anteriores, fizeram isso sem orientação de um profissional de saúde. 

De forma geral, o termo “automedicação” se refere à prática de consumo de medicamentos sem prescrição médica. Porém, atualmente, esse termo também tem sido utilizado para designar os casos em que alguns pacientes  utilizam medicamentos – ainda que prescritos por profissionais – de forma incorreta, seja esse uso feito em doses diferentes das recomendadas pelo prescritor, ou ainda por um período inadequado.  

Apesar de haver a possibilidade de alguns benefícios pontuais, a automedicação, sem orientação, pode ser prejudicial e gerar riscos consideráveis para a saúde individual e coletiva.  Nesse contexto, o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, bem como as demais estratégias de prevenção e promoção da saúde, são essenciais na tentativa de reduzir o número de indivíduos que se automedicam incorretamente. 

Principais riscos da automedicação 

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) e da Fundação Oswaldo Cruz, os medicamentos são a principal causa de intoxicação no Brasil, evidenciando um cenário preocupante. Assim, o uso indiscriminado de medicamentos pode ser responsável por diversas complicações para a saúde da população, tais como: 

  • Intoxicações; 

  • Aumento da chance de efeitos adversos e colaterais; 

  • Agravamento do quadro devido ao tratamento incorreto; 

  • Atraso do diagnóstico, já que os remédios podem “mascarar” alguns sintomas; 

  • Reações alérgicas; 

  • Interações medicamentosas desconhecidas pela população; 

  • Seleção de microrganismos resistentes, como acontece nos casos de uso indiscriminado de antibióticos; 

  • Sobrecarga e comprometimento de outros sistemas do corpo, como o sistema renal, por exemplo. 

 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais gastam entre 15% e 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pela automedicação.  

A automedicação responsável 

A automedicação responsável é um termo que tem sido bastante utilizado nos últimos anos, principalmente durante as campanhas do Dia do Uso Racional de Medicamentos. Segundo a ANVISA, a automedicação responsável se refere à “prática pela qual os indivíduos tratam suas doenças, sinais e sintomas menores, utilizando medicamentos aprovados para venda sem prescrição médica, sendo estes de eficácia e segurança comprovadas, quando utilizados de forma apropriada”. 

Segundo Leandro Paranhos, Coordenador Farmacêutico da FeSaúde, esse termo retoma os princípios básicos para o uso correto de um remédio. “Quando a indústria farmacêutica lança um fármaco, é determinada a posologia mais adequada. Essa forma de utilização se refere à concentração plasmática necessária do medicamento nas células, ou órgãos alvo, para que se produza o efeito esperado.”   

Dessa forma, a automedicação responsável consiste, basicamente, em empregar o conceito de “Uso Racional de Medicamentos”, partindo do princípio de que o paciente recebe o medicamento apropriado para suas necessidades clínicas, nas doses individualmente requeridas para um período adequado, e utilizado nos horários indicados, afirma o farmacêutico. 

O hábito de se automedicar está, também, relacionado ao acesso facilitado a certos medicamentos que não necessitam de prescrição médica para serem adquiridos. “É muito ilusório pensar que a pessoa não irá se automedicar em algum momento da vida, nem que seja para uma dor de cabeça. Por isso, o importante é orientar a população para que essa automedicação seja responsável e adequada”, ressalta o Coordenador Farmacêutico da FeSaúde. 

Qual o papel dos profissionais da saúde na promoção da automedicação responsável? 

Para que a administração do medicamento seja feita de forma segura e eficaz, o paciente necessita de orientação. De acordo com Leandro Paranhos, buscar o aconselhamento do farmacêutico, ou de outros profissionais da equipe de saúde, é a melhor forma de promover a automedicação responsável. Para ele, esses profissionais são essenciais na orientação do paciente quanto às formas de uso correto, bem como do período em que o medicamento deve ser  utilizado. 


“Durante as consultas, é importante que o prescritor oriente o paciente e explique a receita que está sendo prescrita. Desde orientar qual é o medicamento e a dose que serão utilizados, até mesmo tirar dúvidas quanto a forma de administração e melhores horários de utilização. Além disso, nos estabelecimentos de saúde, o farmacêutico, por exemplo, deve conversar com o paciente para entender mais sobre seu problema de saúde a fim de verificar se o receituário apresentado está condizente com a situação.” afirma o Coordenador Farmacêutico da FeSaúde. 

Como fazer a utilização correta dos medicamentos? 

A utilização correta dos fármacos consiste em uma série de etapas, sendo a principal delas, seguir a orientação médica. É preciso, também, estar atento à concentração correta dos medicamentos, bem como ao tempo de uso. 

De acordo com Leandro Paranhos, para que a medicação seja feita de forma apropriada, é essencial que se busque orientação com profissionais de saúde capacitados, como por exemplo, os farmacêuticos e os médicos. “É essencial tirar as dúvidas sobre como utilizar os medicamentos, pois isso diminui a possibilidade de erro e o risco de danos à saúde”. 

Além disso, ler sempre a embalagem do produto que será utilizado, verificando junto à receita, antes de ingeri-lo, é o primeiro passo para evitar um erro de medicação. Outro ponto importante é a bula dos remédios, em que o paciente encontra informações sobre via de administração, posologia, efeitos adversos e colaterais, possíveis interações medicamentosas e, até mesmo, indicações de uso – especialmente nos casos de medicamentos que não necessitam de prescrição médica. 

Segundo o Coordenador Farmacêutico da FeSaúde, essas práticas simples são essenciais para que o uso dos medicamentos seja feito de forma correta e orientada.  

Quais as formas de armazenamento e descarte corretos dos diferentes tipos de medicamentos? 

Em relação ao armazenamento e ao descarte de fármacos, alguns cuidados são imprescindíveis. É importante manter o medicamento sempre dentro da sua própria embalagem, de maneira que não seja confundido com outro, e para que a validade possa sempre ser conferida. É essencial também evitar deixar os fármacos em locais quentes, úmidos e desprotegidos da luz direta. O ideal é que sejam armazenados em locais frescos e protegidos do sol. 

Além disso, existem pontos de coleta, tais como farmácias e drogarias, que fazem o descarte ambientalmente correto dos medicamentos vencidos, ou que não serão mais utilizados. O ideal é sempre evitar o descarte no lixo comum e nos ralos, pias e esgoto em geral, pois além de contaminar a água e o solo, pode gerar cepas de bactérias resistentes.    

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