O Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, comemorado todo 8 de agosto, tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância de evitar a desregulação dos níveis de colesterol.
Instituída no ano de 2003, essa data reforça a necessidade de ter hábitos de vida mais saudáveis, como possuir uma alimentação mais balanceada e realizar atividades físicas com frequência.
O motivo disso é que a hipercolesterolemia, ou seja, o colesterol alto, é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), até o final de 2021, estima-se que cerca de 400 mil óbitos por doenças cardiovasculares acontecerão no Brasil. Assim, o controle do colesterol é, atualmente, uma das principais formas de prevenir a principal causa de morte no país.
“É uma data importante para trazer as questões relacionadas à promoção e prevenção da saúde em relação às doenças cardiovasculares, direcionando para uma linha que vise atender os interesses reais dos usuários”, afirma Pedro Corrêa, médico de família e comunidade e responsável técnico institucional na FeSaúde.
O que é colesterol?
O colesterol é um tipo de gordura produzida pelo corpo humano e também obtida por meio da alimentação. Apesar de normalmente ser associada ao aumento do risco à saúde, essa molécula é de suma importância para a manutenção de diversas funções no nosso organismo.
Existem alguns processos do corpo em que a presença de colesterol é essencial, por exemplo na produção de vitamina D e de alguns hormônios, incluindo os hormônios sexuais, como testosterona e estrogênio. Além disso, essa molécula é fundamental para manter a estrutura das membranas celulares que compõem os diversos sistemas do corpo humano.
Existe colesterol bom e ruim? Qual a diferença?
O colesterol “bom” e o colesterol “ruim” são termos populares para lipoproteína de alta densidade (HDL), e a lipoproteína de baixa densidade (LDL), respectivamente. Apesar de, comumente, serem consideradas moléculas diferentes, a real diferença entre o HDL e o LDL é a forma de transporte e atuação dessas substâncias no organismo.
O LDL é o responsável pela entrada de colesterol nas células para ser estocado, aumentando o risco de deposição dessa molécula e formação de placas de gordura em artérias, por exemplo. Já o HDL é responsável pela retirada do colesterol do meio celular e envio para o fígado para ser metabolizado, facilitando sua eliminação do corpo.
É por isso que o LDL é chamado de colesterol “ruim” e o HDL de “bom”. Enquanto o LDL favorece o acúmulo de gordura no corpo, o HDL atua reduzindo e retirando os excessos dessa substância, atuando como um fator de proteção para o sistema cardiovascular.
“Considera-se que o VLDL e o LDL são colesteróis ruins, pois eles têm muita associação com a ocorrência de doenças cardiovasculares quando estão aumentados. Em contrapartida, o HDL, quando está aumentado, é considerado um componente protetivo contra essas doenças e, por isso, é considerado um colesterol bom”, destaca Pedro Corrêa.
Qual a relação entre a alimentação e os níveis de colesterol?
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Como já dito, o colesterol é uma molécula que pode ser produzida pelo corpo humano, mas também é obtida através da alimentação de origem animal. Dessa forma, o cuidado com a ingesta alimentar é um fator essencial para o controle dos níveis de HDL e LDL.
“Existem uma série de alimentos perigosos muito danosos para a nossa saúde cardiovascular, principalmente os ultraprocessados e os alimentos industrializados que recebem aditivos importantes, deixando-os mais salgados e gordurosos. Em contrapartida, esses alimentos também são os mais baratos e mais fáceis de consumo”, alerta o médico.
Alguns alimentos que podem desregular os níveis de colesterol são:
Carnes muito gordurosas;
Frituras em excesso;
Queijos amarelos, como muçarela, cheddar e parmesão;
Embutidos, como salsicha, mortadela, presunto;
Margarina e manteiga;
Leite e creme de leite;
Ultraprocessados e industrializados, como biscoitos recheados, etc.
Esses alimentos são ricos em gordura saturada que, além de aumentar o LDL, favorecendo o acúmulo de colesterol, reduzem o HDL, potencializando ainda mais o efeito negativo do colesterol “ruim”. Por isso, evitar o consumo excessivo é essencial para controlar os níveis de colesterol.
O médico Pedro Corrêa ainda ressalta que, apesar de o excesso de gordura animal também pode impactar na saúde cardiovascular, ela não é o principal fator de risco presente na dieta do brasileiro. Ele afirma que, em geral, os brasileiros têm muito mais acesso aos alimentos ultraprocessados e industrializados, já que são mais baratos, do que os alimentos in natura e processados em casa (como arroz, feijão, entre outros).
Além disso, alguns alimentos podem ser aliados nesse controle, reduzindo o colesterol “ruim” e aumentando o colesterol “bom”. Alguns exemplos são:
Azeite;
Carnes brancas, como peixe e frango;
Frutas e vegetais;
Vinho;
Leguminosas, como soja, lentilha e feijão;
Linhaça, aveia, castanhas, canela, etc.
Riscos do colesterol descontrolado
O descontrole dos níveis de colesterol, em especial o aumento do LDL e diminuição do HDL, podem acarretar prejuízos importantes para a saúde do indivíduo. Acometendo, principalmente, o sistema cardiovascular, a hipercolesterolemia, ou seja, o colesterol alto, é um dos grandes predisponentes ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
“O colesterol acabou sendo considerado um grande vilão a partir de estudos do século XX, que identificaram uma relação forte entre o aumento do colesterol e a ocorrência de doenças cardiovasculares. Dur Framingham ante muito tempo, nós (profissionais da área da saúde) identificamos os óleos e as gorduras vegetais e animais como grandes vilões. Porém, hoje sabemos que os alimentos industrializados e ultraprocessados são os grandes responsáveis pelo aumento do colesterol.”, destaca o médico.
As principais doenças e condições de saúde associadas ao colesterol alto são:
Infarto;
Angina;
Hipertensão arterial;
Acidente Vascular Encefálico (AVE);
Insuficiência cardíaca;
Aterosclerose, que é o acúmulo e deposição de gordura nas artérias, formando placas que podem levar a obstrução dos vasos sanguíneos.
Alguns sintomas, como dor torácica, cansaço e fadiga excessiva, dor nas pernas e cianose, podem surgir nos casos de aterosclerose e outras condições ocasionadas pelo colesterol alto. Porém, o médico de família e comunidade destaca que “o colesterol em si não é uma doença, por isso não tem sinais e sintomas próprios. O que pode ser percebido são as síndromes metabólicas e o surgimento de doenças cardiovasculares, que podem indicar que há a presença de um aumento de colesterol”.
É importante destacar que os alimentos ultraprocessados e industrializados, além de contribuírem para o aumento do colesterol e de doenças cardiovasculares associadas a ele, também contribuem para o aparecimento de outras doenças metabólicas, como hipertensão e diabetes, devido ao conteúdo rico em sódio e açúcar presente nesses alimentos, afirma Pedro Corrêa.
De que maneira é feito o tratamento em Niterói? Quais são as unidades? Quais equipamentos podem atender a população?
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O doutor Pedro Corrêa destaca que “as mudanças de estilo de vida, associadas a uma boa alimentação e à prática de exercícios físicos, são o principal tratamento. Em alguns casos, quando o valor do colesterol está bem elevado é preciso iniciar a terapia medicamentosa que, apesar de ser muito utilizada, pode gerar efeitos colaterais. Por isso, a mudança de estilo de vida também deve ser associada ao tratamento medicamentoso.”
“Em Niterói, as pessoas têm a oportunidade de fazer os acompanhamentos na Atenção Básica de Saúde, tanto nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), quanto nas unidades do Programa Médicos de Família, a depender da região em que mora. Aquelas pessoas que não são cobertas por nenhuma das opções anteriores podem recorrer às policlínicas para realizar o exame de medição de colesterol e outros que contribuam para avaliar a saúde desse usuário”, afirma o médico de família e comunidade.
sss