O evento será mediado por Tuany Cardozo

Em decorrência do Novembro Negro, a FeSaúde realiza nesta terça-feira (23), às 13h, o evento “Mulheres em Rede”, no Teatro Popular Oscar Niemeyer, no Centro de Niterói. Essa é a segunda edição do encontro, que nesta ocasião debaterá a saúde mental da população negra, com recorte nos efeitos do racismo estrutural e a importância das ações de combate a esse problema social.

Segundo Anamaria Schneider, diretora-geral da FeSaúde, essa é uma das ações afirmativas da Fundação para combater o racismo estrutual:

"Tratamos esse tema com muita responsabilidade dentro da FeSaúde. Tanto que o nosso concurso é o primeiro do município a reservar 20% das cotas para negros. Também tratamos da questão do racismo em eventos internos e nas unidades da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que passamos a administrar em Niterói. Tenho certeza que será um sucesso".  

Anamaria Schneider, diretora-geral da FeSaúde

A diretora de Atenção à Saúde da FeSaúde, Stefânia Soares, diz que esse tema é muito importante, uma vez que a Fundação Estadual de Saúde de Niterói tem muito claro, dentre seus valores, a necessidade de ser uma instituição que promova práticas antirracistas. E para isso, segundo a diretora, “temos que propor ações concretas dentro do nosso planejamento estratégico e executá-las no dia a dia”.  

O evento será mediado por Tuany Cardozo, Assistente Administrativo da Diretoria de Atenção à Saúde da FeSaúde, mulher, preta, periférica, candomblecista e graduanda em enfermagem, e contará com uma mesa composta por outras quatro mulheres que irão discutir essa temática:  

  • Luiza Oliveira - Doutora em educação pela USP, professora do Instituto de Psicologia da UFF, membro do ENUFF - coletivo de professoras/es negras/os e ativistas antirracistas da UFF; 

  • Cecília Santos da Silva, Psicóloga pela UERJ, Especialista em Saúde Mental e Mestre em Saúde Pública pela ENSP e atualmente na coordenação do Programa de Saúde da População Negra do Município de Niterói; 

  • Glória Maria Anselmo de Souza, Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense. Especialista em Alfabetização e Relações Etnico-raciais. Professora universitária e de nível médio na modalidade Normal. Pedagoga e Supervisora Educacional na SME-Niterói. Atualmente, Subsecretária de Promoção de Igualdade Racial (SMDH); 

  • Alda Oliveira - Coordenadora de Serviços da FeSaúde na RAPS e gestora na Saúde Pública. Mestre pelo programa de Serviço Social e Desenvolvimento Regional/UFF e especialista em Saúde Mental/IPUB - UFRJ. 

Além disso, o prefeito, os vereadores e lideranças de Niterói, bem como representantes dos movimentos negros e quilombolas do municípiotambém foram convidados para o encontro.  

O debate dentro da fundação 

Essa é uma pauta que tem se mostrado cada vez mais presente na fundação, como destaca a diretora: 

“Reflexões constantes que nos provocam são: quantos colegas negros há na nossa equipe de trabalho? Quantos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras? Como podemos preparar os profissionais de saúde que virão do concurso público para que tenhamos uma escuta e conduta apropriada para acolher as necessidades específicas da população que vive os efeitos do racismo estrutural, infelizmente, muito presente no cotidiano de nossos tempos?”. 

Stefânia Soares, diretora de Atenção à Saúde da FeSaúde

Durante todo o mês de novembro, a FeSaúde elaborou uma série de eventos para evidenciar ainda mais o debate dentro da fundação, como oficinas e rodas de conversas nas unidades de saúde mental. 

Stefânia Soares conta como foi elaborar o “Mulheres em Rede”, por meio da escolha de pautas importantes não só para a FeSaúde, mas também para a população de Niterói: 

“É sabido que o preconceito e a injúria racial afetam de formas e níveis diferentes a saúde mental da população negra. Precisamos ouvir especialistas sobre o problema e construir soluções para a clínica e ou para a vida cotidiana. Certamente, eu não exagero em dizer que “A” FeSaúde, se tivesse um gênero, seria feminino. Isso reflete as nossas lideranças e a visão de mundo que buscamos construir diariamente com os nossos colegas.  Enquanto houver uma mulher negra vivendo as barreiras de um sistema racista, todas nós não teremos atingido o direito a liberdade e a igualdade. "Mulheres em rede" e em debate tornou-se uma agenda para nós, uma forma de mantermos um espaço de notoriedade em que a narrativa das mulheres está no centro do palco". 

A equipe da FeSaúde preparou uma abordagem neste mês de novembro, que segundo a diretora, será debater, construir e agir com base em propostas que têm o objetivo de entender e lidar com os efeitos do racismo na saúde mental da população negra. 

O evento ainda contará com apresentações artísticas do Grupo Sorrindo e Batucando, que realiza um trabalho com crianças e adolescentes, fazendo música, no que tange os instrumentos de percussão, em comunidades de Niterói.