Como iniciativa para promover a arte e a cultura, a Fundação Estatal de Saúde (FeSaúde), em parceria com o artista José Maria Rocha Brigido, cujo nome artístico é “Zé…” (Zé Reticências), promove a exposição “Abstrai, que é melhor”. A ação é intermediada pelo Centro de Convivência e Cultura de Niterói (CCCN) e o Ambulatório de Saúde Mental de Piratininga, dos quais o Zé é usuário.

Localizada no CCCN, a exposição terá início no dia 1º de dezembro, com horário especial das 16h às 19h. Nos demais dias, até o dia 16 de dezembro, permanecerá aberta para visitações de segunda a sexta, entre 10 e 17 horas. 

O currículo artístico de Zé Reticências, a partir de exposições, eventos e pintura espontânea, se iniciou ainda em 2001, com o Projeto Arte Jovem Brasileira, Convés, e contou com diversos outros trabalhos até o ano de 2020, sendo alguns deles: Lapa, Santa Teresa e Cantareira (2002); SESC (2002) - Caricaturas (exposição coletiva); Centro Cultural Sobradinho, Quissamã (2012), Arte na Rede (2020) - Pintura e gaita Zé…-.

“A exposição traz minha descrição de como as telas abstratas são feitas. Com as cores que tenho! Até mesmo pintado com cores que não estão na ideia de pintar... Improviso! Sei que obterei um bom resultado exatamente pela falta das cores que darão um novo curso à criação da tela! Justamente pela imprevisibilidade e possíveis surpresas”, enfatiza Zé Reticências, que aproveita para convidar o público a visitar a exposição.

“Abstrai, que é melhor” conta ainda com a contribuição da curadora, filósofa e artista visual Tamy Barros, que é formada em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense e em Artes Visuais pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e tem atuado na curadoria de alguns dos trabalhos do Zé desde 2017.

Dessa vez, o acervo contará com várias linguagens, incluindo pintura, objetos, fotografia e performances, sendo o objetivo da exposição mostrar as diversas obras do artista.

“As cores estão aqui, eu estou aqui, o suporte também... Eu vou pintar... Pintei e fim de papo! Está pronto e saber quando parar é outra história! Como que mesmo pronta, com a devida proporção da continuação, do possuir algo, meio à inquietação... A sempre um “Q” de continuação na minha cabeça! Poderia ser de outro modo! Pinto por instinto, este é o espírito da coisa! Sim... Fiz assim! Deu nisso e fim de papo. Outra tela... Vamos lá!”, conclui (ou pelo menos tenta) Reticências.

Viviani Costa, coordenadora do Centro de Convivência e Cultura, destaca que o maior ganho para o CCCN é ver o impacto do trabalho na vida do usuário:

“Durante a organização da exposição, o Zé Reticências falou sobre também ser esquizofrênico e o quanto a sociedade, por isso, exige dele muito mais. Então poder estar junto dele nesse processo, poder evidenciar o Zé artista, sua sensibilidade e como a própria experiência com o sofrimento movimenta sua arte aponta que estamos no caminho de uma sociedade que faz caber a diferença. E isso é a efetivação da Reforma Psiquiátrica, é a efetivação de um SUS que se pretende universal”, completa.

A exposição poderá ser visitada a partir do dia 1º de dezembro, no endereço: Rua Visconde do Uruguai, 531, 2º andar - Centro, Niterói - RJ.