O Dia Mundial da Segurança do Paciente, comemorado no dia 17 de setembro, é uma data que tem como objetivo reforçar a importância sobre o cuidado atento para com o paciente, bem como incentivar a promoção de uma atenção em saúde de qualidade e evitar os possíveis danos que podem ser causados durante o cuidado.
De acordo com Brena Tostes, gerente do Núcleo Estratégico de Apoio Técnico da Diretoria de Atenção à Saúde (DAS) da FeSaúde, existem dados que mostram que um em cada 20 pacientes que entraram em um hospital sofrem danos evitáveis do próprio cuidado em saúde, e dessas pessoas, 12% são danos graves, que podem gerar a morte ou a invalidez.
Essa situação evidencia a importância de se atentar para a segurança do paciente, principalmente pelo fato de ser um assunto ainda pouco consolidado entre os profissionais.
“É um dia importante para chamar a atenção dos profissionais de saúde, já que durante a formação universitária, com exceção do curso de Enfermagem, não se tem essa discussão”, aponta o médico de Família e Comunidade, Pedro Corrêa.
Cuidados necessários para garantir a segurança do paciente
Apesar de ser considerado um tema recente, a garantia da segurança do paciente é algo que já possui uma estruturação que consiste em 6 metas internacionais. Essas metas fazem parte de um pacto global e consistem:
Clique aqui para entender melhor sobre as metas internacionais da segurança do paciente.
Como melhorar e priorizar a segurança do paciente?
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Segundo a gerente da FeSaúde, se guiar pelas metas internacionais estabelecidas já resultam em melhorias para com o cuidado dos pacientes. Entretanto, para além das ações individuais de cada profissional, é preciso que as instituições também incorporem essas medidas e que se comprometam com a avaliação constante e regular do cuidado ofertado.
“Promover a segurança do paciente é assumir um compromisso de autoavaliação com a rotina do serviço e de auto melhoria da qualidade. Isso porque o erro e o dano ao paciente não podem ser explicados por apenas um indivíduo, já que houve a participação de diversos outros profissionais em todos os processos que envolvem o cuidado em saúde”, afirma o Pedro Corrêa.
Para alcançar esse objetivo, é importante sempre mapear os erros e falhas da instituição, seja ela uma equipe ou um hospital, como afirma a gerente da FeSaúde. “Por mais que sejam incorporadas altas tecnologias, os serviços de saúde serão sempre dependentes da força de trabalho humana. Por isso, não é possível eliminar 100% dos erros, mas podemos preveni-los, mapeando e antecipando os riscos que podem estar associados a todas as nossas ações, evitando danos graves ao paciente”.
A importância de o paciente se envolver no seu próprio cuidado
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O envolvimento do paciente no próprio cuidado é um ponto chave para a promoção do cuidado seguro, tendo em vista que ele também desempenha um papel fundamental em todos os processos que envolvem a atenção à saúde.
Segundo Brena Tostes, “ser ativo no próprio cuidado, fazer perguntas, ter interesse em entender sobre sua condição de saúde e sobre o tratamento que está sendo prescrito, se comprometer em fornecer todas as informações necessárias para os profissionais de saúde com honestidade” são exemplo de atitudes que podem ser essenciais para garantir essa participação efetiva.
A gerente da FeSaúde ainda faz um alerta: “Um profissional de saúde que é questionado pelo paciente sobre o cuidado que está sendo oferecido, não deve se sentir incomodado. Ele deve entender que esse paciente está sendo um aliado para evitar possíveis erros”.
Além disso, os usuários dos serviços de saúde atuam de forma importante na avaliação da qualidade dos serviços ofertados, informando sobre possíveis insatisfações e dando sugestões de melhorias para a atuação de toda a equipe multiprofissional que compõe a instituição de cuidado.
“As ouvidorias e as pesquisas de satisfação, além de outros instrumentos mais avançados de autoavaliação dos serviços de saúde, são mecanismos de participação popular que ajudam na fiscalização dos serviços e também na apropriação dos usuários e seus representantes dentro das rotinas de melhoria de qualidade”, afirma Pedro Corrêa.
Segurança do paciente na Atenção Primária e Atenção Psicossocial
Ao contrário do que muitos pensam, a segurança do paciente não é um tema apenas para atenção hospitalar. A gerente da FeSaúde destaca “a atenção hospitalar tem uma tradição maior no tema da segurança do paciente, uma vez que a necessidade de se falar sobre esse assunto surgiu devido aos erros e danos ocasionados dentro desse ambiente. Porém, o conceito se aplica a todas as unidades e instituições de saúde, sendo muito pertinente na Atenção Primária à Saúde (APS) e Atenção Psicossocial”.
Isso porque diversas ações contribuem para a garantia da segurança do paciente, envolvendo desde o cadastro correto dos pacientes, a escuta qualificada para entender melhor suas demandas, até fazer o direcionamento assertivo na rede de atenção à saúde e a transição entre os diferentes pontos de cuidado com responsabilidade e comunicação efetiva.
A lista ainda continua e permeia a realização da estratificação de risco da pessoa com condições crônicas, o trabalho de qualificação do registro de prontuários e diversos outros processos, afirma Brena Tostes.
Edição e produção: Ricardo Rigel
Apoio técnico: Brena Tostes e Pedro Corrêa
Data: 17/09/2021