Desde a criação da campanha “Outubro Rosa” em meados dos anos 90, o mês de outubro é historicamente dedicado à conscientização e prevenção do câncer de mama. Nos últimos anos, no entanto, essa campanha também tem se estendido para o rastreamento e prevenção do câncer de colo uterino. 

Esses dois tipos de cânceres têm grande importância epidemiológica, já que são muito prevalentes na população brasileira. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são previstos 74 mil casos novos de câncer de mama por ano até 2025. Já em relação ao câncer de colo de útero, estima-se que cerca de 17 mil novos casos por ano neste mesmo período.

No que diz respeito ao Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde (APS), representada pelo Programa Médico de Família (PMF), desempenha papel fundamental em relação à promoção do cuidado. Em Niterói, as unidades do programa estão sob gestão da Fundação Estatal de Saúde (FeSaúde) e desenvolve ações específicas também com foco na saúde das mulheres.

“O PMF faz parte da rede de Atenção Primária à Saúde, que é considerada a principal porta de entrada dentro do SUS. Assim, esse programa é responsável pelos problemas de saúde mais comuns e mais prevalentes na população, sendo organizado preferencialmente a partir do cuidado em ciclos de vida. Em relação à saúde da mulher, as principais ofertas do PMF dizem respeito ao que chamamos de Saúde Sexual e Reprodutiva, que envolve planejamento familiar e pré-natal, além da prevenção dos principais tipos de câncer que acometem as mulheres (câncer de colo uterino e câncer de mama)”, explica Brena Tostes, gerente de Atenção Primária à Saúde da FeSaúde.

Em relação ao rastreamento de câncer na mulher, os exames preconizados são a coleta do citopatológico (preventivo ou papanicolau) e a mamografia, que possuem faixas etárias alvo seguindo os protocolos do Ministérios da Saúde (MS):

Exame citopatológico: mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a vida sexual;

Mamografia: mulheres entre 50-69 anos.

A APS tem a atribuição de realizar a promoção e prevenção de agravos em saúde. Isso é feito de diferentes formas, seja através de grupos de educação em saúde, levando informação de forma acessível à população, seja a partir da coordenação do processo de cuidado, por meio da regulação com outros níveis da rede de atenção à saúde.

Viviane da Costa Melo, coordenadora de serviços da unidade PMF Maceió, dá detalhes sobre como essa coordenação do cuidado tem sido realizada na unidade em que trabalha:

“Posso afirmar que nossa unidade está cumprindo o importante atributo de ser porta de entrada do SUS, com acolhimento e escuta atenta para as mulheres do nosso território com compromisso e responsabilidade. Observo diariamente o vínculo e confiança entre profissionais e usuárias, que apontam para o que de fato precisamos construir em nossos serviços: relações centradas no sujeito e não na doença”.

Desde o início da gestão da FeSaúde nas unidades do PMF em 2022, tem sido ampliado o acesso aos exames de rastreamento para o câncer de colo uterino e de mama, além da melhoria na coordenação do cuidado a partir das listas de mulheres dentro da faixa etária para cada um dos rastreamentos. Este movimento permite, portanto, um acompanhamento da periodicidade da realização desses exames com enfoque no cuidado longitudinal e no diagnóstico precoce.

Assim, as ações de cuidado estão voltadas não apenas à prevenção, mas também ao compromisso com a coordenação do cuidado daquelas que foram referenciadas para outros níveis de assistência.

“Essa é a importância do cuidado que prestamos às nossas mulheres: acompanhar as usuárias por meio da coordenação do cuidado, isso é, não medir esforços para reduzir barreiras de acesso e facilitar a prestação do cuidado contínuo e integral”, finaliza Viviane.