Nos últimos tempos, muitas notícias têm surgido em relação ao uso das vacinas. Com a facilidade proporcionada pelos meios de comunicação, diversas pessoas, sejam elas leigas ou profissionais, têm discutido mais abertamente sobre esse tema. Em alguns casos, porém, as informações trazidas não condizem com a realidade, gerando uma grande confusão e até mesmo tirando a credibilidade das notícias e informações verdadeiras. 

Em entrevista à revista Veja, a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, relatou que "temos observado de perto esse fenômeno das notícias falsas na nossa área e o impacto que isso tem sobre as decisões das pessoas”. 

Devido ao extenso debate que envolve a vacinação no Brasil atual, é importante compreender algumas das notícias falsas que têm sido espalhadas e a explicação verdadeira por trás delas. 

1 - "Uma boa higiene e saneamento farão com que as doenças desapareçam e, por isso, vacinas não são necessárias". 

MITO! De fato, uma boa higienização previne a dispersão e a contaminação de diversas doenças. Entretanto, em alguns casos, apenas isso não é o suficiente, principalmente em casos de doenças de fácil transmissão, como sarampo, ou que são trazidas por vetores, como febre amarela. Nesses casos, a vacinação é o único método de prevenção para controlar essas doenças. 

2 - "Não é mais necessário me vacinar contra doenças que são evitáveis por vacinas e que estão quase erradicadas em meu país". 

MITO! Doenças como sarampo e rubéola, estiveram controladas por muito anos, por meio das vacinas. No entanto, essas doenças têm ressurgido, justamente pelo fato de algumas pessoas considerarem que não precisam se vacinar, devido a quase erradicação. 

Esse reaparecimento acontece não porque as vacinas não têm efeito suficiente, mas porque sempre existem casos isolados dessas doenças. Assim, sem a vacinação, a partir de uma única pessoa contaminada, diversas outras podem adoecer. 

Essa situação foi muito bem demonstrada pela pandemia do coronavírus, em que a doença foi “trazida” por pessoas que estavam em viagem internacional, e, atualmente, grande parte da população já foi infectada, além de muitos outros que morreram em decorrência dessa doença. 

3 - É melhor ser imunizado por meio da doença do que por meio de vacinas? 

MITO! As vacinas são feitas, principalmente, com o vírus atenuado ou inativo (morto) e, em alguns casos, apenas com pequenos fragmentos do vírus. Dessa forma, o microrganismo se torna muito menos nocivo quando comparado aos casos em que a pessoa contrai a doença de forma natural, uma vez que, nesse último caso, o vírus está completamente ativo e é capaz de causar danos ao organismo. 

4 - Vacinas causam autismo?

MITO! Esse mito começou em 1998, com a publicação de um estudo, na revista Lancet, de um cientista de Londres, Andrew Wakefild. Ele percebeu vestígios de sarampo, rubéola e caxumba em crianças autistas, associando essa situação à vacina tríplice viral. Entretanto, esse estudo já foi desmentido por diversas outras pesquisas realizadas. O estudo mais recente, que também desmente a associação entre vacinas e autismo, foi feito na Dinamarca em 2019, pelo Instituto Serum Statens. 

5 - A produção das vacinas para a Covid-19 foram muito apressadas. "Não dá para saber se são seguras".  

MITO! De fato, as vacinas para a Covid-19 foram feitas em tempo recorde. Entretanto, os critérios de vigilância foram rigorosos e os estudos aprofundados. A diferença, nesse caso, é que os investimentos foram muito maiores, em relação às outras vacinas. 

6 - "Não há evidência de que as vacinas sejam seguras e eficazes".  

MITO! Os estudos em torno das vacinas aprovadas envolveram tecnologia e ciência, sendo que todas as vacinas aprovadas foram amplamente testadas e com eficácia comprovada. Além disso, cada país, antes de aceitar as vacinas que seriam aplicadas no território, teve seus próprios critérios de seleção e averiguação. No caso do Brasil, um dos principais órgãos responsáveis por esse controle é a ANVISA. 

7 - Tomar uma dose de uma vacina que prevê mais doses já garante proteção?  

MITO! As vacinas são testadas e seu funcionamento é garantido quando as normas de aplicação e preservação são seguidas adequadamente. Todos os processos, desde transporte, temperatura e aplicação, em uma ou mais doses, são importantes para uma boa imunização. Por isso, é importante que todas as doses necessárias sejam administradas de acordo com as orientações.  

8 - A vacina mudará permanentemente seu DNA?

MITO! Pelo fato de a vacina ser feita com partes do vírus, seja com ele inativado ou atenuado, esses imunizantes têm papel apenas de ativar o sistema imune. Essa ativação ocorre de forma semelhante à doença, entretanto de forma mais branda e, na maioria das vezes, sem efeitos colaterais. 

9 - Quem é saudável não precisa se vacinar?  

MITO! Apesar de uma pessoa estar saudável e assintomática, mesmo contraindo a doença, é importante se vacinar, já que algumas doenças são transmitidas de pessoa para pessoa. Por isso, mesmo sem sintomas, as pessoas infectadas podem ser meios de transmissão, como é no caso da COVID-19. 

A vacinação é um ato importante tanto para a saúde individual quanto para a saúde coletiva, evitando ou reduzindo as taxas de transmissão de doenças. 

10 - "Pessoas que recebem várias vacinas ao mesmo tempo podem ter sobrecarga do sistema imune e têm mais risco de efeitos adverso".

MITO! Não existe comprovação científica que demonstre uma relação de causalidade entre a aplicação simultânea de várias vacinas e maiores efeitos adversos ou ainda sobrecarga do sistema imunológico. É preciso ressaltar que no caso da imunização contra a Covid-19, ainda não há estudos conclusivos para a aplicação em crianças e adolescentes. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas imunizadas com a vacina da gripe aguardem o intervalo de 15 dias para a aplicação do imunizante contra a Covid-19.