​Conheça mais sobre essa doença que ainda está presente no Brasil 

Datada de meados do século 6a.C (antes de Cristo), a Hanseníase foi popularmente conhecida como “lepra”, um termo que carrega bastante estigma e preconceito. Por isso, desde 1995, esse termo e outros similares foram proibidos de serem utilizados em documentos oficiais. Isso foi feito como uma tentativa de reduzir a discriminação das pessoas que possuem essa doença. 

Mesmo sendo uma enfermidade muito antiga, poucas pessoas entendem de fato o que causa a Hanseníase, quais são os sinais e sintomas e como é feito o tratamento dos pacientes. 

E é justamente por essa falta de conhecimento, que o mês de janeiro se torna tão importante, para que possamos discutir mais sobre essa doença e contribuir com o combate aos estigmas negativos relacionados a ela. 

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O que é a Hanseníase?

Doença infectocontagiosa que atinge, principalmente, os nervos periféricos e pele, mas também pode acometer outros órgãos. Se não diagnosticada e tratada no início, a doença pode levar à incapacidade física. Tudo isso pode ser evitado ao observar os primeiros sinais e sintomas da doença, realizando o diagnóstico precoce, tratamento oportuno e prevenção de incapacidades.

Sinais e sintomas  

Os principais sinais e sintomas da Hanseníase são: 

  • Uma ou mais manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, à dor e ao tato; 

  • Áreas com diminuição dos pelos e do suor; 

  • Caroços e inchaços no corpo, em alguns casos avermelhados e doloridos.  

  • Diminuição da sensibilidade e/ou da força muscular de olhos, mãos e pés; 

  • Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; 

  • Cortar-se ou queimar-se sem sentir dor. 

 Transmissão 

A transmissão da Hanseníase acontece por contato com gotículas de saliva ou secreções nasais do doente. Ou seja, apesar do que muita gente acredita, essa doença não pode ser transmitida pelo toque. 

Diagnóstico 

A suspeita da Hanseníase é feita, em geral, pelo próprio paciente e também pela equipe de saúde que o acompanha. No entanto, o diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, em Niterói pode ser feito no Programa Médico de Família, Unidade básica de saúde e policlínicas em Niterói.  

Tratamento e cura 

Já existe tratamento eficaz e cura para a Hanseníase. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e acompanhado por uma equipe de saúde.  

Em Niterói o tratamento pode ser feito nos 42 módulos do Programa Médico de Família, 4 Unidade Básica de Saúde e em 8 Policlínicas Regionais. Para impulsionar a adesão ao tratamento para Hanseníase e fortalecer o vínculo da unidade com o usuário, o município de Niterói oferece um cartão alimentação aos pacientes em tratamento. Este cartão recarregado mensalmente até o término do tratamento, e está condicionado ao paciente que residente de Niterói, que cumpre o protocolo terapêutico. 

O tratamento é feito pela administração de antimicrobianos indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, geralmente, dura de 6 meses a um ano. 

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Um ponto importante sobre o tratamento é que, desde a primeira dose do medicamento, o doente já não é mais capaz de transmitir a Hanseníase para outras pessoas. Ou seja, quando o tratamento é iniciado, não há necessidade de mudar nenhum hábito de vida, nem se afastar dos familiares e do trabalho por causa dessa enfermidade. O paciente, quando em tratamento, pode continuar com sua rotina normalmente. 

Em 2006, o município de Niterói atingiu a meta de eliminação da Hanseníase enquanto problema de saúde pública, com a taxa de prevalência menor que 1/10mil. Nos últimos 3 anos o município manteve a meta.  

Preconceitos e estigmas sobre a Hanseníase 

Apesar de ser uma condição de saúde bastante antiga e já possuir cura, a Hanseníase é ainda hoje uma doença com muito preconceito pela população. Isso é uma consequência do passado histórico de associação entre a Hanseníase e os “pecados da carne”. 

Nessa narrativa religiosa, as pessoas que possuíam as marcas características da doença deviam ser isoladas do convívio. A explicação para essa atitude era de que esses doentes eram pecadores e mereciam ser discriminados e excluídos. 

Por mais absurda que essa pareça ser, ela ainda está muito presente na nossa sociedade nos dias atuais. Assim como acontece com o HIV, muitas pessoas acreditam que pelo toque ou só de estar no mesmo ambiente que um indivíduo com Hanseníase irá contrair a doença. 

Esse tipo de conceito contribui ainda hoje para a marginalização desses doentes e dificulta a conscientização sobre a importância do combate dessa enfermidade. 

Campanhas como o Janeiro Roxo são um passo enorme para a conscientização e desmistificação dessa enfermidade, com a intenção de reduzir os preconceitos e promover o combate eficaz a essa enfermidade tão prevalente.